sábado, 31 de março de 2007

Ouvre-cans

A Saga do Abridor de Latas...

Desde que cheguei aqui tinha reparado que o abridor aqui de casa não era lá uma Brastemp, mas ainda dava conta do recado.
Um dia, não deu! E eles (roomates) insistiam que eu não estava usando a ferramenta direito ou que era uma questão de força. No final se deram conta que o problema era a ferramenta e não a falta de força da minha pessoa. E chegamos a conclusão que seria melhor comprar outro. Até que alguém se prontificasse a trazer o abridor novo fomos usando o velho caindo aos pedaços mesmo.
Mas me irritei, fui lá e comprei um novinho, forte, com cabo de plástico, preto, que custou $1.15... baratinho, pensei "vai durar um mês", mas era o máximo que eu queria gastar com um abridor de latas.
Aproveitei e comprei algumas latas de algumas coisas só pra ter um motivo pra usar a nova aquisição.
Sabe, aqui nesse país quanto mais complicado melhor... quando eu falo de abridor de latas de 1 dollar eu não falando daquele abridor igual ao que encontramos na feira no Brasil. É uma ferramenta mesmo, parece mais um alicate, cheio de engrenagens e encaixes e uma alavanquinha que roda e um pininho que você pode prender... uma coisa bem complexa... esses da feira não se encontra... mas não messssssssssmo!
E ainda tem os elétricos... que são mais descartáveis do que os da feira. Funcionam que é uma maravilha, vc nem precisa segurar a lata! Mas quando pifam... pifam mesmo. Outro dia, na casa da mãe da namorada de um amigo meu, aqui mesmo em Montreal, achei nos armários da cozinha 3 modelos diferentes dos abridores elétricos... dava pra ver claramente a evolução tecnológica dos aparelhos, já que cada um parecia ser de uma década diferente. Foi um sufoco pra abrir algumas latinhas de molho de tomate... no final eu me senti uma vencedora na batalha contra o abridor de latas... veja bem, a batalha não é com a lata, a tal lata é só a vítima, que dependendo do lado vencedor, sai ilesa ou não.
Bom... continuando, voltei pra casa com o novo abridor e com umas latas de feijão. Tentei a primeira, foi muito difícil, mas consegui chegar até o final, uns 20 minutos depois e quase desistindo. Aí veio o roomate da tunísia me dizendo que estava difícil porque eu não estava fazendo direito, e pegou uma outra lata e começou a encaixar o tal abridor de uma maneira "nada a ver", mas deixei, homem sempre acha que sabe de tudo, e vai que naquela ocasião ele estava mesmo certo... deixei... bom... a lata ficou toda mastigada, e ainda tivemos que terminar o serviço com uma faca...
Claro, por um dollar esse novo abridor é mesmo uma enganação... não ia durar muito... mas mesmo assim eu ainda tinha esperança nele.
Mas aí foi a vez do roomate mexicano... ele disse "cet ouvre-cans ne marche pas"... jogamos o treco no lixo, reciclável, claro! E ele ainda me disse que tínhamos que comprar outro... mas ninguém se mexe pra ir lá e comprar o novo... sempre eu!!!
Então eu trouxe um outro, igualzinho ao que já tínhamos (que ainda não foi jogado fora), mas é igualzinho mesmo. Olha, já tentei assim, já tentei assado... e simplesmente a coisa não funciona... não abre, não gira, não encaixa... já nem sei mais se o problema é comigo, com o abridor ou com a lata que fica lá posando de vítima, vê meu sofrimento e não abre!
Poxa... acho que é um sinal pra eu parar de comer enlatados...

Compter

2, 4, 6 , 8, 10...
3, 6, 9, 10...
4, 8, 10...
3, 7, 10...
Depois,
1, 2, 3, 4... 49, 50!
Ufa!
Assim sigo... contando.
Não existe uma máquina pra isso???

É, dia todo em pé, no chão de fábrica. Doloroso, mas paga bem! E o dono tá lá também, empacotando e supervisionando.

No outro dia foi passar cola (quente! Ui...) e dobrar caixinhas de lápis de cor... 500 em poucas horas...

Resumo da semana: dedos cheio de cortes, cola e bolhas de queimadura... hahaha...

"O trabalho enobrece o homem..." - quem foi que disse isso mesmo???

quarta-feira, 28 de março de 2007

Travail

Labuta... Mão na massa... mangas arregaçadas....

Paper cuts... a lot!!! And it hurts so bad!!!

My boss comes from Senegal!!! Deve ser legal ser negão no Senegal.

Das 8h00 às 15h00 - pagamento só na sexta.

terça-feira, 27 de março de 2007

Déjeuner

Melhor café da manhã: pão com manteiga na chapa e suco de laranja.

segunda-feira, 26 de março de 2007

Petite Balle au Chocolat

2 caixinhas de leite condensado
1 colher de sopa de margarina
6 colheres de sopa não muito cheias de Nescau Power

Fogo bem baixinho, muita paciência, mexendo sempre em "8". Difícil é o ponto; se é pra enrolar então o ponto é quando der pra ver o fundo da panela, se é de colher o ponto é antes disso... difícil.

A porção serve um bem deprimido ou então dois deprimidos e um desempregado.


Apelei pro brigadeiro hoje. Não teve jeito. Eu tava meio chororoca já, o tempo não ajudou, chovou o dia todo. E eu, pra variar fiquei buscando respostas e não encontrei.
Não estou infeliz, mas estou um pouco deprê com a falta do que fazer... só faltou a calça de moletom roxa!!!

Entorpecida de leite condensado com chocolate, agora me sinto mais confiante, não menos deprê, mas mais pra frente... difícil explicar, do mesmo jeito que é difícil saber o ponto.
Vai ver eu não sei meu ponto, ainda.
Pelo menos uma coisa me faz sentir melhor... apesar do leite condensado e do Nescau serem brasileiros, aqui o brigadeiro não gruda e não empelota, e olha que essa não é a primeira vez que eu faço aqui. Faz sucesso viu essas bolinhas de chocolate. A japonesada adorou e os roomates também. Brigadeiro campeão!!!

Agora vou deixar a deprê de lado e vou me concentrar na culpa que vem a seguir. É muito chocolate pra uma pessoa só... ou três!

Ahhhhh... a receita e todos os jeitinhos especiais são da vovó, foi ela que me ensinou. Sábios ensinamentos. Ela sabia que eu ia precisar disso... hehehehe...

Obliée

Fiquei tão concentrada na solidão que esqueci de contar do final de semana.
Calor (10°C), Sol e céu azul!

Sábado teve queijos e vinhos aqui em casa. O interessante foi que eu conheci um professor de sociologia da universidade. Conversamos sobre a idéia de arquitetura/sociologia... e ele me disse muitas coisas interessantes. O que me deixou mais esperta e mais a fim de chegar lá!!!
Domingo foi dia de ficar ao ar livre. Céu de brigadeiro! Nenhuma nuvenzinha pra contar história. Maravilha. Saí com um casal de amigos e fomos passear na montanha. Subimos a pé!!! Quase me faltou forças e ar e tudo mais... batata da perna tremendo até agora... incrível como o nosso corpo responde à nossa mente e vice-versa. Mas foi uma ótima tarde. A vista do caminho, na subida do morro é chocante e lá de cima então... deu até pra ver aqui em casa.
Depois descemos a pé também... e aí que o bicho pega... o que doía já não era a batata da perna, mas sim o joelho, difícil suportar o peso na descida, e ainda com neve, escorregando...
Mas eu gostei, eu tava precisando mesmo dar uma andada... e como dizia a professora de salsa "push your belly button behind."
Ficamos exaustos e resolvemos tomar um chá numa casa de chá que queremos sempre ir... chegamos lá e tava lotado, isso quer dizer que o lugar é bom... mas mesmo assim, o cansaço era tanto que resolvemos procurar um outro lugar... encontramos um lugar que era meio pub meio tea house... super estranho, tomei um café e ficamos conversando por horas... assunto não faltava...
Adorei ter visto a cidade começando a sair da toca. Alguns restaurantes começam a colocar mesinhas pra fora... todo mundo sentado no sol... mais cores nas roupas... mas sorrisos, mais cachorros na rua, mais gente na rua... chocante!!
E vamos pra rua!!!
Muito bom!

domingo, 25 de março de 2007

Soleil de dimanche

Domingo. Eu também sinto saudade de casa no domingo.
Dia meio morto. Cheio de bagunça do fromage et vin de ontem aqui em casa pra comemorar o aniversário de um amigo... feliz 22 (heheheheh)!
Passei algumas horas da manhã lavando a louça e dando aquela geral na casa... bem daquele jeitinho, meia boca, especialidade minha. Mas faço o que eu posso e não posso, e não vou fazer tudo!
Fiquei pensando na solidão. É muito bom estar sozinho em alguns momentos, inclusive nesses de lavar a louça. É muito bom saber se entender consigo mesmo. E, pelo menos por agora, eu acho que me dou muito bem comigo mesma. Sempre foi assim. Mas conforme os anos passam, vai ficando mais fácil a convivência, a gente se acostuma com a gente mesmo....
E lendo umas coisas hoje me fez refletir mais sobre o fato de sentir solidão. Porque estar sozinho é bom, mas a solidão é ruim... não é bom não!!!
Como é que podemos nos sentir solitários num mundo com bilhões de outros seres como nós?!?!?!? Impressionante, né?
Mas a minha solidão é um pouco mais profunda, profunda no ser e no estar. Tem a ver com o fato de não ter grandes amigas pra comemorar o CSQ, não conseguir telefonar pra casa na hora que você quer, não poder planejar uma grande festa para o 30° aniversário, ou simplesmente não ter alguém pra almoçar junto. Odeio comer sozinha! Só quando a comida requer lambança.
A solidão no meu caso foi uma escolha. Foi a decisão tomada. O caminho vai ser sempre cheio de espaços solitários. Os amigos vão sempre ter pra onde voltar, a língua vai ser sempre uma outra. Daqui pra frente vai ser assim. Solitário. Como quando eu andava pelo deserto. O caminho é solitário, mesmo com grandes amizades surgindo...
E aí esse "fluxo" todo me levou a coisa dos relacionamentos... ai ai ai... eu sou a complicação total.
Fico me fazendo de forte, mulher vencedora, não muito batalhadora, mas que sempre sabe e que consegue o que quer (haha, até parece...) mas não é bem assim não!! Atitude mulherzinha é foda. Eu quero então ser forte quando a solidão vier, mas quero ter alguém pra matar o rato que mora na cozinha... e mais, quero poder escolher se quero ser forte ou se quero colo. Nesse momento eu sou obrigada a ser forte, porque não tenho ninguém pra pedir colo e isso é que traz a solidão ou que a deixa mais em evidência, sei lá....
CSQ comemorado está. família avisada está, assim como amigos. 30° aniversário eu vou comemorar ano que vem, sem solidão. Ok?
Os almoços eu ainda vou ter que comer sozinha, mesmo não gostando... mas isso é o de menos...
Os ratos que vierem a gente vê como faz na hora.
Os colinhos que não tenho... bom... eu espero!


Só mais uma coisa pra lembrar a todos. Esse ano eu faço 29, não se confundam hein...

sábado, 24 de março de 2007

La fin

Antes de mais nada... fim em francês é feminino, acredita???

Aqui vai indo tudo bem. Faltam algumas coisas. Falta inspiração.
Não sei se caso ou se compro uma bicicleta... sabe?

Queria contar do tempo (clima) e de algumas precepções. A neve do chão já está quase toda derretida. Triste ver isso acontecer. Eu gosto do branco da neve. Mesmo porque o que acontece quando a neve derrete é que nós vemos algumas coisas que antes não víamos. Eu agora posso ver o chão em muitos lugares. Descobri que o espaço entre a porta da minha casa e a calçada de pedestres não é um jardim, é só um lugar sem plantas, feio. E sujo! Sim porque a neve estava no chão na maioria dos lugares há muito tempo, o caia no chão ficava, ninguém limpava. Agora podemos ver. O que mais tem são as tampinhas dos copos térmicos de café. Aqueles que a gente toma todo dia. Mas tem umas coisas bizarras também. Meia-calça, luvas, pacotes de salgadinhos, latinhas, todo tipo de lixo.

Sim. Podem me condenar. Eu sempre falei que no Canadá a rua era limpa. Não é! Pelo menos não por enquanto. Alguém me disse que quando não for mais nevar a prefeitura dá uma geral na cidade, deixa tudo limpinho. Tomara.

Tá feio também porque a neve derreteu, mas a grama, as árvores, os jardins em geral, ainda não voltaram a ser verdes. Então fica tudo parecendo meio abandonado. Mas logo as cores voltam e tudo fica bonito. Tomara, mais uma vez!!!

Apesar de feio eu tô bastante feliz de ver algumas coisas que antes eu não via. Não vejo a hora de ver o jardim dos fundos aqui de casa.

Ahhhhhhhhhh... também tem muito cocô de cachorro na rua. Isso é mal!

sexta-feira, 23 de março de 2007

Derrière

"eu queria envelhecer ao lado dessa bunda."

Prince Charmé

Príncipes Encantados não existem minha filha!!! Acorda e cai na real!!!
Acho um horror essas mulheres (na casa dos 30) que ainda esperam achar o homem ideal. Lembra das polias ideais no colégio, pois é... elas não existiam, assim como os homens ideais também não existem. Claro que tem uns bem bons, bons partidos mesmo, mas ideal não, jamais!
O probelma é que somos feitas pra acreditar nisso. Vejam os contos de fadas, por exemplo. Os príncipes são todos perfeitinhos, em seus cavalos brancos com as crinas e os cabelos (e vice-versa) ao vento, nem uma ruguinha, nenhum amassadinho na roupa, nenhuma crise aparente de personalidade, nada... sempre lindos, cheirosos e perfeitos. Argh!!! Que raiva que dá. Aí a gente fica a infância toda e boa parte da idade adulta (sim porque na adolescencia negamos qualquer coisa) acreditando que um dia vamos encontrar um cara como os príncipes, todo lindo.
Tudo feito pelos homens, ué... acho que já falamos sobre isso, não?
Agora vamos mudar de lado e ver o caso das princesas. Eles estão sempre na merda. Uma dorme demais, a outra é pobre, outra fugiu de casa e não tem família, ou então acreditam em qualquer mentirinha, tem uma que tem o cabelo cumprido demais... sempre tem um problema com elas, senão com elas com alguém da família...
Então os homens já vão aprendendo (ou pelo menos deveriam) que mulher tem sempre algum problema, não que eles compreendam isso, mas não ficam por aí esperando a mulher ideal. Eles caçam e tentam achar a melhor possível. Certo eles!!! Ué... ficar chupando dedo é que eles não ficam...
Então querida amiga (sim, você mesma!!!), pára de esperar o cara certo. Se você não experimentar nunca vai saber qual é o certo pra você, não acha?
E tem mais... tem que ser muito princesa pra chover príncipe na sua horta hein... sei não...
Vou concentrar alguns esforços pra encontrar alguns defeitos dos príncipes, eles devem ter alguns que foram sutilmente escondidos... aí quem sabe eu te convenço que as coisas não são bem assim...
Se o cara é legal, mas infelizmente tem chulé, oras, esquece que ele tem pé... vale a pena ver até onde dá pra chegar... e dá le talquinho granado...
Todo mundo quer a perfeição, mas você tem que encontrar o que é perfeito pra você agora, nesse momento. Entendeu o recado??? Acho bom!!!
E chega de contos de fadas e coisas do tipo!!!!

Acabei de lembrar de um defeito grave de quase todos os prícipes... eles chegam muito no final da história.

Rêve

Eu sonhei.
Quando acordei senti falta do sonho.
Agora acho que já me acostumei com a falta que sonho faz.
Depois será que não vou mais querer sonhar?

quinta-feira, 22 de março de 2007

vingt-six

Foi aos vinte e seis que eu comecei a viver de novo, mais uma vez ainda!

° ° °

"Amanhã é vinte e três, são oito dias para o fim do mês. Faz tanto tempo que eu não te vejo, queria o seu beijo outra vez!" (há anos eu tento lembrar de cantar essa musica num mês de 31 dias, princ. Agosto, mas nunca ela teria sido tão perfeita)

Sœur

Sim... só mesmo vivendo pra poder saber.
Os encantos e desencantos...
Sinto que o Universo vem me mostrando alguns caminhos, ou simplesmente colocando eles na minha frente e me deixando escolher...
Engraçado como esse tal de Universo sempre dá um jeito de me mostrar caminhos bons, mesmo que tortuosos... hehehehe...
É um processo, realmente.
Conquistas, aprendizados e muita espera...
Acho que é essa a maior lição (que aprendemos com a coisa de semear, regar e esperar a flor...) a PACIÊNCIA!! Cuca fresca pra sentar e esperar que Universo se prontifique.
Assim como no trânsito, aguardar o sinal vermelho, o momento certo de pisar na embreagem e engatar a primeira marcha, ou então quando o sinal está amarelo, saber o tempo certo de pisar no freio, para parar exatamente onde se quer parar... e ainda dizem por aí que eu não sou boa motorista... intriga!
Sim... respostas do Universo, aceitas! Guardas! E pronta pra próxima fase.


p.s.: "onde se lê Universo, também pode se ler Deus."

quarta-feira, 21 de março de 2007

Immigration

Hoje foi uma coisa viu...
Tive um bom despertar depois de uma boa noite de sono.
Alguns planos para o dia, como ir a uma agência de empregos, tentar alguma coisa ilegal, claro! Decepcionante, a pessoa que me atendeu foi um tanto grossa, mas pegou meu número e me disse que ligaria assim que aparecesse alguma coisa pra alguém com o meu perfil. Ok!!
De lá fui pro Centro, ver vitrine, comprar umas encomendas pra uma amiga e depois colocar todas as encomendas no correio... tudo bem!!!
O último plano era ir ao museu de arte contemporânea, mas só às 18h e ainda eram 14h15... então fui numa livraria e fiquei lá, fuçando...
Na saída da livraria, no caminho pra pegar o metrô, cruzei com o Nicolas, primeiro professor de francês aqui em Montréal. Ele estava saindo pra fumar (básico!!) e aí me parou e conversamos durante o tempo que ele fumou um cigarro. O assunto: como eu me sinto frustrada com o francês e como é chato ficar só esperando uma resposta da imigração. Ele é imigrante e sabe bem como é isso!!!
Bye, bye, Nicolas!! E resolvi vir pra casa!!
Cheguei e tinha um e-mail do Bureau d´Immigration du Québec. “...nous avons le plaisir de vous informer que votre Certificat de sélection du Québec a été émis...” – e é só isso que importa!!! Consegui meu certificado de seleção de Quebec!! Agora todo o processo de imigração é verdadeiramente uma questão de tempo, alguns meses no máximo. Burocracia e mais nada, alguns papeis assinados me separam de poder ter o visto de residente permanente!
E é um coisa inexplicável. Comecei a gritar como uma louca “I got the papers!!” o roomate achou que eu tinha pirado de vez!!! E pulava comigo sem nem saber o porquê!! Depois contei e contei pra todo mundo que tava online, uns dois ou três!!! Mas ta valendo!!
Sei que essa conquista implica em algumas perdas... mas isso é só o começo! O mundo vai ser pequeno e as fronteiras não vão ser suficientes pra me segurar, eu vou ganhar o mundo!!
A gente sempre se prepara pro pior, mesmo com esperanças... mas eu achava que e não ia ser suficiente ainda esse meu francês, ou que ia demorar mais... sei lá... sei que foi uma surpresa e foi maravilhoso já saber disso!!!
Minha vida pode ser uma meleca... conquistei pouca coisa material até aqui, mas sou tão cheia de outras conquistas que o material nem faz diferença!!! Quem se importa que eu não tenha uma casa, um carro, um plano de saúde ou um plano de previdência.... eu tenho um visto de residente permanente no Canadá!!! Sim porque uma vez emitido o certificado do Québec, o Consulado Geral do Canadá não pode e não vai negar mais nada!
To dentro já, galera!!!

Bonheur

Inesperado é se descobrir feliz a partir do que outros escreveram... ou escrevem.
Hoje, mais cedo, li em algum dos muito blogs que leio diariamente que não se deve falar muito da saudade, senão ela se sente bem vinda demais... achei o máximo!!! É isso mesmo, não vou dar muita trela pra saudade.
Mas quanto a felicidade, acho que foi no mesmo blog... o bom é olhar pra trás e ver como se foi feliz e sentir satisfação por ter passado por tudo aquilo, mas mais importante é estar bem agora, com o que tá rolando nesse momento! Não dá pra re-viver as antigas emoções. É como o sabor do primeiro beijo, o segundo já tem um sabor diferente... o que temos que fazer é ser felizes com os sabores que vão chegando, descobrir coisas novas e ter total consciência do que foi aquele primeiro beijo... sem nostalgia, sem saudade.
Se descobri feliz agora!!
E eu ainda acrescento que mesmo que a gente ache o "agora" um saco, um dia, vamos olhar pra trás e ver que era bom e que éramos felizes!!
Pode apostar.

terça-feira, 20 de março de 2007

Printemps est arrivée

20 de Março, 20h07 - início (oficial) da Primavera!

Loucura... neve no chão, temperaturas oscilando entre negativos e positivos e o horário já é o horário de Verão!!! Eu digo que esse mundo tá virando... Norte/Sul vai ser Leste/Oeste... é o que eu acho.... ou quase isso!!!
Com a chegada da primavera eu espero que venham mais cores. Sinto falta das cores, o inverno é bem monocromárico.
Também espero o fim do habiller e des-habiller!!! Chegaaaaaaaaaaa...
E tomara que eu possa começar a abrir as janelas e trocar esse ar que tá mais que viciado aqui dentro de casa e do meu pequenino quarto.
Bem-vinda PrimaVera!!!

Vêtement

Muito interessante o dia-a-dia na minha vidinha aqui no Canadá.
Ferro de passar roupas??? O que é isso??? Sei que até temos um aqui na casa, mas pra quê? Eu hein... ponho a roupa na lava-roupas, faço muito de separar por cor e sensibilidade, tiro quando termina e ponho na secadora e só, dali vai direto pro armário, quando não visto imediatamente.
Claro que algumas camisetas encolheram, uma ou duas, só! Mas no geral a roupa sai da máquina passadinha, é só dobrar, não tem erro. Acho que é o ar quente, o amaciante poderoso (lencinhos com cheirinho de amaciante, a gente não dá nada por eles, mas não é que amaciam) ou alguma coisa que tem no sabão... vai saber...
Só sei que extingui o ferro de passar de vez da minha vida. As minhas roupas são as mesmas que eu já usava no Brasil, mas aqui elas não amassam!!! Hahahaha...
Maravilhas da tecnologia!!!
Máquinas de secar roupas... excelente invenção!!!

Sonho de consumo (desde 1999): lavadora e secadora na mesma máquina!!!

segunda-feira, 19 de março de 2007

Sur les détailes, encore...

Eu aqui, fritando na cama... pra lá e pra cá... com aquelas pintinhas nos meus pensamentos.
Claro que as pintinhas foram estrategicamente colocadas naquela pele clara.
Pra me confundir. Pra me encantar.
Esse é o charme das peles claras, impossível que um verão passe sem deixar marcas, mínimas que sejam... bastou um solzinho leve e lá estão elas... contentes com a chegada de mais uma amiguinha.
Coleção de pintinhas. Tamanhos. Formas. Até tonalidades.
É desconcertante... dá vontade de brincar de dots e tentar ligá-las... tentar descobrir qual é o desenho no final. Dá vontade de contar. Vontade de beijar cada uma delas.
Elas estão por tada parte. Lugares comuns e lugares mais estranhos para se ter uma pinta. "Mas que lugar mais estranho pra se ter uma pinta!!" Mas elas são assim... incontroláveis.
A que eu me lembro com mais carinho é uma no pescoço, entre a orelha e a nuca... ahhhhhh e tem uma no peito também... me lembro bem dela!!!
Eu tenho algumas que são minhas companheiras desde que eu sou pequena. Claro, porque as pintas migram pelo corpo e podem também mudar de forma, de cor, de tamanho... mas algumas continuam lá... do mesmo jeitinho, desde que me lembro!!

Repas

Hoje foi o dia do arroz com feijão!!!! Viva o feijão!!! Resolvi deixar o preconceito de lado e comprei o feijão enlatado... já pronto, claro!!! Não é o feijãozinho da Zélia, mas quebra um galho... eu escolhi o old fashioned with pork... basicamente é com caldo grosso e bacon...
O prato então teve, arroz feitinho na hora, feijão em lata, bife acebolado, milho, ervilha, tomate cereja e mini cenouras. Delícia!!!

Então já não sinto mais saudade do feijão! Sei onde e como comer o feijão que eles comem aqui... das próximas vezes experimento outros temperos...

Hoje quase matei a saudade de um amigo querido, não deu muito pra matar a saudade de vez, mas deixei ela bem doente... hehehe... talvez ela morra de vez amanhã. Quem sabe?!?!?

Essa coisa de saudade é bem complicada mesmo. Aperta messsssssmo. E não dá pra não sentir, não é como tristeza que a gente faz um esforcinho e fica alegre, dá pra deixar a tristeza de lado. A saudade a gente nao consegue deixar de lado, a gente sente e sente e só! E ela não acaba... "a gente é que se acostuma com ela".......

Eu tô bem de saudade. Já matei a do feijão e deixei doente a do meu amigo.

Saudades...

domingo, 18 de março de 2007

St-Patrick

Pois é... hoje era o dia da Parada de St-Patrick aqui em Montréal.
Nós fomos. Mas a parada não tava lá!!! Hahahaha...
Eu explico: os apressadinhos começaram a parada ao meio dia (muuuuito cedo) e nós chegamos lá mais tarde, relaxados que somos, brasileiros...
Eu abanei as banderinhas e dei muita risada!!!! Banderinhas imaginárias.
Tudo bem... fica pro próximo ano. E aí já sabemos que tem que dormir cedo, acordar cedo e ir cedo pra parada!!!
Foi bom porque afinal fazia tempo que eu não me reunia com a minha família brasileira aqui em Montréal. Demos umas boas risadas, falamos besteiras, mas também falamos coisas sérias. Comemos um franguinho assado com batatinhas e voltamos pra casa!!
Coisa de família mesmo, sabe? Andar todo mundo junto na rua, bloqueando a passagem desses montrealeses apressados, comer todo mundo junto, apertado, falando alto e sempre com o astral lá em cima... brasileiros!!!
Eu voltei a pé um pedação, tava gostoso andar na rua hoje, aquela brisa refrescante... hehehe...
Mas foi engraçado que uma garota me parou e me pediu informação. En français, bien sûr!!! Claro, entendi o que ela queria saber, queria saber onde era o Cinema du Parc, oras, velho conhecido meu e era ali na esquina. Respondi! In english, of course!!! Mas essa minha resistência está com os dias contatos... EU SÓ VOU FALAR FRANCÊS DAQUI PRA FRENTE!!!
Final de domigão... é cama, coberta e novelinha na globo.com!!!

Samedi avec les amis

Ontem tive um dia cheio de bons programas. Ou só dois!!

No almoço encontrei com as amigas brasileiras pra comer sanduiche, contar as novidades e falar de coisas de mulher... hehehe...

Fomos num lugarzinho muito simpático chamado Santropol, na esquina da Duluth com a St-Urbain. Delícia, comi um sanduichão que chamava Santropol, claro! Le pain Santropol traditionnel, rosbif tranché, sur une tartinade de fromages bleu et à la creme (pão preto, rosebife e queijos). Vale a pena!!! De sobremesa pedi o gâteau du jour que era um bolo de chocolate com banana... ideal!!!



Esses programas simples, cheios de risadas, com um bom sanduiche, boas amigas, boas histórias.... isso é que é diversão!!



A noite fui me despedir da amiga chinesa que vai embora... buá, buá!! E também comemoramos o aniversário de um ano de casados dos amigos alemães, convite deles. Fomos num Tea Lounge, chamado Orienthé, na St-Denis.

Mesinhas no chão, almofadões, meia luz, musica eletronica oriental (???)... cada um pediu um chá, o meu era de uma mistura de frutas, com um sabor bastante tropical, chamava Samba. Pedimos também um prato de doces árabes e sírios e claro uma Shisha sabor laranja. Fundamental!!!! A shisha era sem tabaco, porque afinal aqui no Québec é proibido fumar em locais públicos fechados. Tudo leve, delicioso!

Os que partem vão deixar saudades!!!

Pra terminar a noite ainda comemos um pedaço de pizza vegetariana numa das esquinas charmosas da St-Denis, Chez Dany Pizza.... hehehehe...

Sábado redondinho!!!

Mourir

A Lu subiu no telhado.
Lidar com essa coisa de morte nunca é muito fácil.
Acho que é porque não sabemos muito bem, ou quase nada, onde isso vai dar. Por mais que as crenças sejam cheias de boas intenções, ninguém pode afirmar o que rola depois que a gente vai pra terra do pé junto.
E como se dá uma noticia tão desagradável? Não é fácil! Minha mae é a rainha de dar a má notícia de uma maneira ainda pior. “Fulano de tal morreu!”, assim, como um ataque cardíaco inesperado. Mas também quem é que espera ouvir qualquer coisa sobre morte? Sempre dizemos estarmos preparados pro pior, mas não é verdade.
Pra falar sobre algumas coisas às vezes é preciso preparar o terreno, fazer alguns rodeios. É uma regra. Você não sai falando por aí que o gato de estimação morreu, você fala que ele subiu no telhado, depois que caiu e que foi pro hospital e enfim que morreu... mas não assim “seu gato morreu!”
Esses dias foi a minha vez de ouvir uma má notícia de um jeito inesperado.
Lu era uma amiga muito querida, da família toda. Bonita, jovem, mãe. Me fez a melhor torta de batatas que eu comi na vida, há alguns anos, na casa dela.
Senti já aquela dorzinha da perda. Mas acho que o melhor pra sentir mesmo é aquela coisa de que se lá do outro lado da luz não fosse melhor do que aqui, muitos já teriam dado um jeito de voltar. Então prefiro acreditar que ela está bem, onde quer que isso seja. E guardada aqui, nas minhas lembranças.
Pois é.... A Lu subiu no telhado.
Cariño...

sexta-feira, 16 de março de 2007

Coberta, descoberta, recoberta...

Não consigo abrir meus olhos completamente.
Percebo que a imagem está meio embaçada.
Preciso fazer esforço pra conseguir abrir os olhos e enxergar.
Preciso enrugar a testa e apertar os lábios,
Como que com dor.
Aos pouco o borrão de luz e sombra vai tomando forma.
Vai tomando cor.
E vai ficando em foco.
Estou deitada.
Consigo sentir meus braços e minhas pernas,
Enroscados em outros braços e outras pernas,
Difícil saber onde acaba o meu corpo
E onde começa o corpo enroscado no meu.
Fácil é a sensação de conforto,
Um prazer que ainda dura.
Na pele.
Nos olhos.
Sim, os olhos!
Já enxergo o meu entorno,
Perto e longe.
Vejo que estou em casa, ou num lugar conhecido.
Nada de estranho.
Começo a mexer os dedos.
Primeiro das mãos.
Depois dos pés.
Não posso fazer movimentos bruscos,
Ainda não sei em que corpo o meu se enrosca.
Mas também pq é confortável.
É quente.
A coberta está enroscada também.
Como um embrulho de um presente que foi aberto.
Descoberto.
E recoberto.
Com carinho, surpresa e êxtase.
Com o toque das pontas dos dedos...
Sim, os dedos!!!
Começo a movimentar alguns outros músculos.
Suavemente.
Com cuidado vou me desenroscando.
Meio sem querer,
Meio querendo.
Querendo ver o corpo enroscado no meu.
Não quero que o corpo mude de posição,
Pra eu poder me encaixar de novo depois.
Depois de ver,
De olhar,
De observar.
Mesmo com toda a vontade de ficar,
Eu me levanto.
Pés descalços no chão frio,
Gelado.
Mas o ar é quente.
Com cheiro bom.
Cheiro de prazer.
Cheiro de sexo.
De não tão perto me ponho a olhar.
Aquele corpo
Enroscado agora somente na coberta.
Descoberto.
E recoberto.
O rosto ainda está escondido no travesseiro.
Os cabelos compridos e soltos,
Bagunçados.
O nariz respira suavemente.
O ar entra e sai.
Num compasso.
As mãos apertam com doçura a fronha.
O joelho esquerdo, flexionado,
Ligeiramente fora do colchão.
Colchão sem coberta, descoberto e nunca recoberto.
Agora estou sentada.
Admirada.
Mordendo os lábios.
Querendo sorrir.
Segurando o riso.
Esperando o despertar do corpo enroscado.
Ele sonha.
Sonha e também sorri.
Eu só consigo ver o cantinho da boca.
Os olhos estão fechados,
Mas no cantinho da boca tem um sorriso.
Um suspiro.
De repente,
Um suspiro!
Eu posso me imaginar ali.
Enroscada,
Descoberta,
Coberta e
Recoberta.
Posso me ver.
Posso sentir.
Vou voltar.
Não devia ter levantado.
Olhar é bom.
Observar é maravilhoso.
Mas estar lá é melhor.
Devagar eu volto.
E me aconchego.
Me enrosco.
Me cubro,
Me descubro.
Me abraça.
Me enlaça.
E diz que me ama.
Deliciosamente.
Eu também.

Détail

São os detalhes que fazem a diferença.
A linha vermelha do último botão da camisa, o cachinho lá de trás, na nuca, que está sempre enroladinho, ahhhhh... as listinhas do lençol!! Ou ainda toda a teoria que explica porque refogar primeiro a cebola e só depois o alho....

Nascimento

Tinha uma foto do nascimento do Santiago.
Tão bonito ver a renovação da vida. Aquela criaturinha tão delicada, tão dependende de nós faz uma diferença, muda tanto as nossas vidas.
Cria laços. E já é tão amado.
Fiquei tão contente de vê-lo. Fico triste de não estar aí, mas eu vou ser a tia legal que mora no Canadá!!
Assim mesmo esse pedacinho de gente é como um sobrinho de verdade!
Bem vindo ao mundo, pequerrucho!!

Déménager

Na mala alguns pedaços da vida, migalhas espalhadas aqui e lá.
Catando alguns restos de mim que talvez ainda valessem a pena guardar; amassados, entrochados dentro de duas malas e muitas sacolinhas.
Coisa de vó, coisa de mãe. Coisa que eu peguei pra mim.
Afinal, oras bolas (!!!) eu também posso usar as verdades dos outros como minhas.
E essa é uma verdade minha: EU GOSTO DE SACOLINHAS!!! Gosto do barulhinho que elas fazem.
Enfim...
12 horas dentro do avão, conexão perdida, atrasos.
Je suis arrivée à Montréal.
Frio na barriga? Não... é o vento gelado na garganta. A neve que ainda resta no chão. O céu azul de inverno.
A casa vazia.
Pedaçoes de outro alguém que não me são familiares.
A água fria.
O quarto frio.
Ainda assim, os pedaçoes da vida, que vão saindo da mala vão se transformando no começo.
No começo da nova vida? Não!! No começo da vida aqui. A vida não é nova, é a mesma velha vida, só mudou o endereço. E as sacolas!