quarta-feira, 15 de agosto de 2007

mundo moderno

quanto mais moderno, mais cheio de botoes!

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

amigo

Eu sai nervosa da pior entrevista da minha vida. Esperava que você estivesse lá, então quando vi você sentado no sofá do saguão não fiquei tão surpresa. Eu mal conseguia te dar dicas de como tinha sido a minha terrível experiência e você, ansioso, não conseguia me dar nenhuma força. Então você me apresentou a sua namorada, e vocês subiram. Eu sai dali correndo, e ainda me lembro que esse foi um dos piores dias da minha vida.
Essa foi a ultima vez que nos vimos. Que nos falamos pessoalmente. E nos falamos no telefone rapidamente mais tarde naquele mesmo dia.

Ainda trocamos alguns e-mails. E eu esperava ansiosamente pela chegada de vocês no Canadá. Mais membros pra nossa grande família brasileira.

Eu ainda estou em choque, como normalmente fico quando a morte cruza o meu caminho. Não consigo acreditar que um amigo que conheço há mais de 20 anos está morto. Não consigo chorar, mas o choro ainda virá, eu posso sentir. Aliás sinto como se devesse chorar, como uma obrigação, mas as lágrimas não vêem. O peito está apertado. O coração disparado e as minhas mãos estão tremendo.

Como? Tão rápido. Ontem eu achava que vocês estavam de malas prontas pra ir pro Canadá, hoje descobri que você estava dentro de um avião que caiu e bateu num prédio, sem sobreviventes.

Foi o seu irmão que me deu a noticia. Indiretamente.

Em todos os momentos que vejo sua imagem na minha mente, nesses últimos minutos, desde que fiquei sabendo, eu vejo aquele menino de óculos transparente, bermuda amarela, camisa pólo vermelha, tênis e raquetes penduradas no ombro.

É assim que você aparece pra mim. Fazendo piadinhas. Dancinhas. Imitando o Kiko do Chaves na lousa da tia Renata. Isso tudo foi a muito tempo... mas agora estou me lembrando de tudo como se estivéssemos vivendo agora.

E você é um cara inteligente. Profissionalmente bem resolvido. Pessoalmente comprometido. Assim espero! E se não fosse, nunca eu ficaria sabendo.

São horas e horas computadas em telefonemas. E o último foi aquele, no meio da madrugada, nem me lembro o motivo, sei que era tarde e que foi exatamente quando te contei dos meu planos de imigrar. São centenas de mensagens de texto de celular... e nunca a possibilidade de nos encontrar.

Tô com um soluço engasgado. Ao mesmo tempo que estou terrivelmente triste e chocada, penso que quando eu chegar no céu vou correndo te procurar pra saber exatamente o que aconteceu no avião.

É meu amigo... talvez essa tenha sido a sua hora. Tomara que você não tenha sofrido tanto. E graças a Deus vocês dois estavam juntos. Difícil quando um vai e outro fica. Difícil é entender a dor da sua mãe que tanto te protegeu pq te amava, agora não pode fazer nada, e te perdeu assim.... difícil é a dor do pai, que deve sofrer em silêncio. A dor do irmão que não sabe o que dizer pros amigos. Difícil é entender o motivo. Tão novo, tão bom, tão competente...