sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

LLAMADA - CHAMADA - APPEL - CALLING

O telefone não toca com uma freqüência considerável. Mas toca. Às vezes toca muito.
E quando toca, eu sempre quero saber logo quem é. Sempre fui assim. Mesmo quando tem bina, atendo logo pra ver quem é.
Atendo.
E aí, os segundos, ou milisegundos, que se seguem são de uma eterna espera com a mão no switch da língua.
Eu digo “alô”. Mas não espero um outro alô de volta, na verdade não espero nada, só espero alguma cosia... qualquer coisa. Em qualquer língua.
Em português, em inglês, em espanhol, em francês. Uma resposta pro meu “alô”.
O engraçado é que já estou acostumada com essa troca constante de língua. Passo de uma pra outra e vou e volto normalmente, com confusões, claro e às vezes deixando parte da conversa incompreensível, mas vou indo.
O problema é que no telefone, quando não se sabe quem está do outro lado da linha, a minha língua mãe, o português, fica prontinho. Então eu sempre demoro alguns minutos pra mudar pra alguma outra língua. E esse é exatamente o problema. Quando eu mudo, nem sempre mudo pra língua certa. Vou passando de uma pra outra, sem regra, sem coesão. Assim, sem mais nem menos.
- Alô!
- Danielle?
- Sim, quem fala?
- Danielle, soy yo, Rosa!
- Hi, Rosa! How are you? Digo, como estás? (português meio espanholado e aí me dou conta que não falo espanhol e fico na dúvida)
- Bien (em espanhol). Que passa?
- Estive fora essa semana (de novo português que soa como espanhol, mas me dou conta que eu falo francês e que ela entende e tb fala e mudo então). Je suis allée...
E aí a conversa fica o mais surreal possível. Eu respondo em francês e ela em espanhol. No telefone. Nossa... e depois ninguém entende pq a minha vida é tão interessante aqui, apesar de difícil.

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