quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

dunes done... gone


Bom... por onde começar?
Com todo aquele papo de gato, olhar o gato e não querer que ele seja um cachorro, eu aprendi uma coisa. Aprendi a não esperar mesmo nada das pessoas sem que elas não possam ou não queiram me dar! Isso faz da minha vida uma coisa mais individual. Ainda não me canso de pedir opiniões, vivo perguntando "o que vc acha?"... mas mesmo assim, acho que só espero respostas pra ter certeza de uma única coisa: EU JÁ SEI O QUE EU PENSO.
E a verdade nisso tudo é que eu não preciso tanto dos outros como eu pensei que precisava. Obviamente ainda guardo gente fundamental pro meu viver... e essas pessoas sabem quem são, sabem o que são pra mim e sabem respeitar as minhas fraquezas... e espero que saibam me amar do jeito que sou. Isso talvez seja amizade. O resto é simplesmente o resto. O resto espalhado pelo mundo.
Portanto, a história do gato e do gato que não é cachorro está oficialmente acabada. E ponto.
O que mais então? Nossa... um mundo a mais...
Primeiro que é muito interessante saber que se quer mesmo é ser NINGUÉM! Não ter memória e ter quase ninguém no mundo que realmente sabe que vc existe. Isso é muito legal. Mas eu digo isso pq tô viciada num filme que fala sobre isso. Sobre como somos mais livres quando não somos ninguém. Claro que casos extremos não compensam... eu não vou viver a minha vida fugindo da polícia só pq é mais legal não ter vínculos reais (como os personagens no filme acabam fazendo). Mas acho que viver nas falhas do sistema e tentar não ser ninguém vale e vale muito!
Sabe aquele lance de que quanto mais se tem, mais pode-se perder! Se a gente tem tudo, tem tudo a perder tb. Não é claro isso? Então pq querer ter tudo? Pra quê ter coisas que sabemos que vamos perder? Assim, bem superficialmente pra fazer o capitalismo continuar existindo... e engraçado como há 15 anos atrás a gente já dizia "capitalismo de merda do outro lado da rua" sentados nas escadas do ícone do capitalismo (um shopping center)... a gente dizia isso sem saber de nada, dizia isso só pra contrariar mães e pais angustiados em casa com a agressividade verbal e visual dos filhos. Eu era mais uma maria-vai-com-as-outras... ou com os outros... mas entrava na dança da escadaria do shopping e tb entrava naquela portinha escura do outro lado da rua, toda sexta, de graça e dançava até não querer mais... voltava pra casa feliz e contente. Naquela época era legal se divertir, não importava muito como... hoje em dia... bom... hoje em dia também! hahahaha....
Gastei todo o meu dinheiro numa passagem pro Brasil. Só pq eu tô com saudade. Só pq eu quero me divertir, ver meus amigos, ver meus pais, minha família. Na volta a gente vê como faz. Dinheiro vem, vai e depois volta. Com muito esforço, muita dor nas mãos e ainda muitos cortes de papel. Mas a parte boa da volta é que eu não vou mais ser NINGUÉM no Canadá. Vou ser residente permanente e isso, por agora, é bom! É bom, pra eu ir descobrindo as falhas desse sistema daqui, pra um dia, deixar de ser alguém e voltar a ser NINGUÉM.
Sacou qual é a parada? A parada é viver de maneira sadia. Se divertindo muito. Usando pouca água, usando pouca energia elétrica, reciclando, comprando só o que realmente se usa, fazendo pouco lixo. Deixando o mínimo de rastro pra trás. Pq se um dia eu tiver um filho, quero que esse filho veja o mundo como eu vi... pelo menos igual, mas nunca pior.
Nossa... comecei com gatos e terminei com ter filhos... realmente hoje é um dia pra ficar em casa.
E por falar em casa... hoje estou de molho em casa. De molho mesmo. Lá fora tá um vendaval tenebroso, úmido, frio, nublado até há pouco, agora o Sol tá querendo aparecer, mas ainda tem muita nuvem. Um dia nada típico de inverno em Montreal. A casa é o casulo nesse momento. Ou meu quarto, já que a roomate ainda não saiu pra trabalhar, tá do outro lado da porta cantando pra chamar a minha atenção e fazendo o máximo de barulho possível só pra me incomodar. Ou talvez eu seja tão sem importancia pra ela que ela nem lembre que não pode fazer tanto barulho pq eu estou em casa...
No fundo no fundo, o difícil na sociedade, ou o difícil de viver em sociedade e saber medir a importancia das coisas... saber o quanto somos importantes na vida dos outros e o quanto os outros são importantes na nossa vida... e mais ainda, o quanto dessas importancias todas é totalmente descartável. Difícil viver hein... tá doido...
Enquanto isso... Vou abrindo as cortinas velhas dessa janela empoeirada e vou deixar o Sol entrar um pouco, só pra iluminar... depois quem sabe eu abro o vidro e deixo um pouco o vento entrar e levar o cheiro que fica guardado dias e dias... já que tem feito muito frio.
Sobre a foto lá de cima. Não que ela tenha alguma coisa a ver com uma das pessoas mais queridas na minha vida, não tem. Mas me lembra momento em que estivemos juntos num momento difícil pra mim. Me lembra um velho carro atolado no areial. Me lembra uma noite de lua cheia (ou quase cheia) e dois embriagados dando risada de qualquer bobagem, no meio de uma areia muito molhada, talvez até já fosse o mar... não sei, não lembro. Mas a sensação que fica é boa, sem dúvida alguma... e, amigo, tô indo de volta pra casa, te encontrar, tomar umas, falar bobagem e dar muita risada...

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