segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

entre vírus e afegãos


De repente eu fiquei com medo. Um medo que não se explica.
E não sai da minha cabeça: lutar minhas próprias guerras. Parece que eu estou sempre lutando guerras dos outros ou guerra nenhuma. Lutando pra chegar num lugar que nem sei onde é. Nem sei se existe. Lutando pra me encaixar em pequenos espaços, compartimentos mesmo, acumulando poeira e ilusões. Enquanto o mundo tá lá fora, imenso. Cheio de outras guerras.
Eu nunca me senti cheia, plena. Mas agora, que meu mundo se resume a um quarto de dois e meio por dois e meio metros, tudo parece tão cheio e ao mesmo tempo tão sem explicação.
Encaixe. Outra coisa que não sai da minha cabeça. Parece mesmo que nada se encaixa, mas e daí? O problema é quando eu mesma não me encaixo, crio historias e justificativas pra me fazer conhecer. Mas ainda não me encaixo. Não me encaixo aqui pq sou brasileira, não me encaixo ali, pq sou branca demais, não me encaixo mais acolá pq reclamo, mais ali adiante pq sou esperta demais, as vezes pq sou burra demais, pq falo demais, pq falei sem pensar ou pq pensei muito antes de falar. Difícil se encaixar hein....
Eu me esforço. Sempre me esforcei. A vida hoje não é muito diferente do pátio da escola. Lá eu era amiga de todo mundo, mas de ninguém também. Roda em todas as rodas e sempre acabava em algum lugar sozinha. Nossa... a vida é mesmo como o pátio da escola. E o medo? Um medo que não se explica, que não se admite, que não aparece. Medo da solidão? Não! Esse medo é fácil. Difícil é o medo do que a gente não vê. A solidão eu vejo, ela é clara e as vezes é opção. Medo do que não vejo é foda! Medo de guerra. Guerra do sim e do não. Medo dos meus eus, o eu antigo e o novo eu. Discordância das mudanças, da vida, aquela mesma vida que é igualzinha ao pátio da escola. E nada vai mudar, por mais que eu queira, por mais que me esforce. Nada vai mudar. Vou rodar o recreio todo, de roda em roda... e vou voltar pro laboratório sozinha. E vou passar as sextas feiras sozinha.
Será que foi difícil um dia admitir que eu tinha medo? Será que é difícil admitir que eu funciono muito bem sozinha?
Já foi difícil admitir que eu procuro, procuro saídas, procuro conforto, procuro encontros... e desencontros (lembra como era gostoso desencontrar?)
Eu quero lutar as minhas próprias guerras. Eu quero fazer diferença. Eu quero seguir a linha e saber que essa linha fica mais grossa cada vez que eu passo ali. Quero voltar e quero seguir adiante.
Mas continuo sem saber que sentido dar a isso tudo. Continuo querendo muito mais do que faço.

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