quinta-feira, 14 de agosto de 2008

faire rien...

Vamos là. Vou tentar, em poucas palavras (quem me conhece sabe que isso não é fácil pra mim) ensinar alguém a complexa arte de não fazer nada. Bom... eu, que não tenho vergonha nenhuma de declarar em publico que não gosto de trabalhar, sou a rainha da idolatria ao ócio. ócio!!!!

Nunca me esqueço de uma aula que abriu meus horizontes nesse sentido. Na faculdade (claro), o professor era o Ricardo (um amor platônico pra metade das garotas da classe), ele falou qualquer coisa sobre a teoria do não-transporte, que no final das contas quer dizer que as pessoas deveriam se locomover menos para trabalhar nas grandes metrópoles. Trabalhar em casa ou morar perto do trabalho, mas se deslocar o mínimo possível. Não-transporte. Mas a minha cabecinha avoada guardou a teoria do NÃO-TRABALHO. Rà.... virei piada, mas pra fugir da piada resolvi pregar a ideia. Oras, muito inteligente a minha sacada... não vamos só não nos transportar pra trabalhar, vamos tb parar de trabalhar ué.... Mais e mais risos... Nunca nem liguei. Até hoje prego isso. Trabalhar por prazer, trabalhar com coisas apaixonantes. Não viver obcecado pelo trabalho. Não fazer qualquer coisa por dinheiro. A vida não deve ser assim aos meus olhos. Já perdi a conta de quantas vezes já mencionei isso aqui no blog.

Claro que nem eu aguento ficar dias e dias sem fazer nada, deitada na cama olhando pro teto. Talvez no máximo uns 3 dias. Mais que isso vira depressão e a idéia é justamente o contrario. A idéia é ser o mais feliz possivel dentro do ócio.

Lavar a louça por exemplo. É uma coisa que deve ser feita, não podemos deixar de fazer. adiar talvez, por um tempo, mas eventualmente tem-se que arregaçar as mangas e botar a agua e o detergente pra funcionar. Eu pessoalmente uso esse tempo lavando a louça pra pensar. Eu considero isso um ócio produtivo... hehehe... paradoxal, mas faz sentido. Não? Adoro ficar la com a mão na água, brincando, pensando, lavando.... perco a noção do tempo.

E já que a idéia aqui é tentar emprestar pra alguém algumas idéias de como ser ocioso ainda digo. Primeiro é importante se ter consciência do potencial de vgabundagem. Sério, pensa só.... se não se souber ocioso a coisa toda desanda. Consciente de não fazer nada, coloca-se então em pratica. Muito importante: livrar a mente de qualquer preocupação como filhos, emprego, conta do cartão de crédito, chefe, vizinhos que incomodam, nada disso pode atrapalhar. Deve ser um momento seu consigo mesmo. Livre-se dos pensamentos sobre assuntos que podem gerar qualquer negação de ócio.

Escolha um lugar confortável. Cada um tem o seu.... o meu é o meu quarto, já que não tenho uma casa só minha. Da porta pra fora do meu quarto sei que encontro complicação. Dentro dele estou segura de qualquer negócio.

Ai vc pode pensar numa atividade. Uma coisa leve, como mascar chiclete. Trançar os dedos das mãos uns nos outros. Olhar pela janela. Coisa simples. Nada que exija muito do seu cérebro. Nada que te leve de volta do lugar onde partimos. E veja que já pensar e planejar tudo isso faz parte do momento de não fazer nada.

Evidente que se deve relaxar. Soltar os ombros. Desfranzir a testa. Deixar o maxilar cair. Folgado. E por falar em folgado, roupa é fundamental, tem quem goste de não usar nada, mas eu acho que é bem saudável usar uma roupa confortável ao menos, como pijama.... quer coisa mais gostosa do que pijama? eu diria que pijama é uniforme pra não fazer nada.

Já estando de pijama tem muita gente que dorme. Dormir é legal. Mas tb perde-se um pouco do tempo destinado a não fazer nada.

Zapear a TV tb é legal. Mas no momento que parar por mais de meia hora num mesmo canal deixa de ser vagabundagem.

Dicas: desligar o celular. Não atender o telefone. Estar offline por completo da internet. E mais ainda... não pensar em nada disso. Ouvir musica pode ser uma boa. Brincar com o cachorro tb.

Tem muita gente que vai pr'um bar, boteco mesmo, e fica la, tomando cerveja, vendo a vida dos outros passar apressada.... isso é bem coisa de gente de cidade de praia. Tb colocar cadeira pro lado de fora das casas, na calçada mesmo (bem de praia tb) e ficar olhando a rua, como se ver a rua desse paz... desse paz de saber que não se esta dentro daquela confusão.

Acho que cada um tem que descobrir seu próprio não fazer nada. Cada um tem um grau de ociosidade (ta certo isso?)...

Conheço gente que adora ver o ventilador de teto girar.... tb tem gente que gosta de contar quantos carros amarelos passam na rua. Outros nem sequer conseguem pensar em fazer nada. Eu sou daquelas que precisa de umas 2 horas por dia de não fazer nada.... e no final delas, normalmente eu penso que quero mais.

Um comentário:

Mwho disse...

Excelente o seu texto.
Li um livro chamado "Ócio Criativo" do Domenico Masi que pregava essa história de morar perto do trabalho para ter mais tempo livre...
Gostei muito das suas dicas. Acho que vou realmente aproveitá-las. Até deu vontade de comprar um pijama...
Valeu!